Avanços recentes numa nova área da nutrição, a nutrigenómica, permitiram identificar um conjunto de genes que, quando ativados, codificam para a síntese de determinadas proteínas:
As sirtuínas (SIRT – Silent Information Regulation Transcript )
As sirtuínas são responsáveis por uma cascata de reações a nível do metabolismo e longevidade humanas.
As sirtuínas desempenham um papel fundamental, funcionando como sensores de energia e mediadores de um vasto conjunto de respostas fisiológicas que tem como finalidade a sobrevivência. Essas respostas passam pelo bloqueio do armazenamento de gordura, o aumento da queima da gordura armazenada, estimulação dos mecanismos de reparação e rejuvenescimento celulares, aumento da massa muscular.
Polygonum cuspidatum Siebold
(min. 90% resveratrol)
Vitis vinifera L var. tinctoria
(min. 10% polifenóis)
Camellia sinensis Kuntze
(mín. 55% polifenóis, mín. 15% galhato de epigalocatequina – EGCG)
Olea europaea L.
(mín. 6% oleuropeína)
Curcuma longa L
(min. 10% curcumina)
Aminoácido de cadeia ramificada
*Extrato
O polígono, Polygonum cuspidatum também designado de Reynoutria japonica , é uma planta originária da Ásia, estando distribuída pela América do Norte e Europa, incluindo Portugal. É considerada uma espécie invasora em vários países. As raízes desta planta são também a mais rica fonte de resveratrol conhecida, sendo utilizada na medicina oriental. [23]
O resveratrol foi identificado em 2003 como sendo um potente ativador das sirtuínas [24]. Estudos em ratinhos demonstraram claramente benefícios para a saúde, como o aumento da sensibilidade à insulina, aumento da tolerância à glucose, diminuição dos lípidos no plasma e de gordura no fígado, uma supressão da inflamação e stress oxidativo [25]. No homem, observou-se diminuição do conteúdo lipídico intra-hepático, glicemia, triglicéridos, alanina aminotransferase e marcadores da inflamação. [26]
A videira é uma planta nativa da Europa Meridional e Ásia Ocidental, e tem sido cultivada à milhares de anos, por várias civilizações, com vista à obtenção do vinho.
Possui propriedades medicinais e tem sido tradicionalmente utilizada nas doenças vasculares e como tónico venoso. [27]
As suas folhas são ricas em polifenóis: taninos, vários flavonóides como o campferol, antocianidinas, quercetina e o próprio resveratrol. A presença de diferentes tipos de polifenóis, como a quercetina, aumenta a biodisponibilidade do resveratrol e complementa de forma sinérgica o seu efeito, uma vez que o resveratrol promove a destruição das células gordas que já existem e a quercetina evita a formação de novas células gordas. [28]
A elevada ingestão de chá verde na Ásia tem sido citada como a principal razão para o “paradoxo asiático”. Apesar de uma grande prevalência de fumadores, a Ásia e em especial o Japão, apresenta das taxas mais baixas de doenças cardiovasculares no mundo. Uma elevada ingestão de chá verde está ligada a taxas muito mais baixas de doenças coronárias. [29]
As folhas secas são muito ricas em polifenóis, como o ácido clorogénico, cafeíco e gálhico, bem como campferol, quercetina e miricetina (flavonóides). Possui ainda outro tipo de polifenol, o galhato de epigalocatequina – EGCG (catequina). [27]
A oliveira é uma árvore da região mediterrânica, sendo muito cultivada em Portugal e outros países mediterrânicos, com vista à obtenção do azeite.
Nas folhas, entre outras substâncias, pode encontrar-se o polifenol oleuropeína, bem como flavonóides como a apigenina, luteolina e rutina. A oliveira tem sido tradicionalmente utilizada na hipertensão arterial. A oleuropeína demonstrou atividade antioxidante e hipoglicemiante [27]. Para além da actividade direta da oleuropeína como ativador das sirtuínas [29], a apigenina e a rutina melhoram a absorção da quercetina (presente no chá verde), aumentando a sua atividade [31]
Os benefícios para a saúde da dieta mediterrânica, da qual fazem parte importante o azeite e o vinho consumido moderadamente, podem em parte ser explicados pela capacidade ativadora das sirtuínas por parte dos polifenóis existentes nestes alimentos.
A curcuma, ou açafrão da índia, é uma especiaria muito usada na cozinha tradicional indiana e já é usado na medicina ayurvédica há mais de 4000 anos pelas suas propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes.[29]
Sabemos hoje que as suas propriedades se devem à presença da curcumina, um pigmento amarelo e ao mesmo tempo um polifenol que em estudos recentes se observou melhorar os níveis de colesterol, o controlo do açúcar no sangue e reduzir a inflamação corporal [30]. Estes resultados são compatíveis com uma ação ativadora das sirtuínas.
A leucina é um aminoácido de cadeia ramificada e é um aminoácido essencial, ou seja, não é capaz de ser sintetizado no corpo humano e tem de ser obtido através da alimentação. É essencial ao crescimento, estimulante da síntese de proteínas nos músculos, auxilia na estabilização e diminuição da glicémia, por estimular a libertação de insulina.
Estudos revelaram que a presença simultânea de leucina e resveratrol resulta num efeito sinérgico na ativação das sirtuínas, produzindo um aumento da atividade destas. Em adição, descobriu-se ainda que essa sinergia podia ser obtida não somente com o resveratrol, mas também com outros polifenóis como o ácido hidroxicinâmico, cinâmico, ou o ácido clorogénico, que está também presente no chá verde. [32] Outros estudos evidenciaram que a própria leucina, de uma forma direta, seria capaz de ativar as sirtuínas [33]. A inclusão da leucina na fórmula do SIRTActiv destina-se assim a um efeito de sinergia e potenciação dos polifenóis.
1- Mead MN (2007). Nutrigenomics: the genome-food interface. Environmental Health Perspectives 115(12): A582-A589.
2- Fenech M et al. (2011). Nutrigenetics and Nutrigenomics: Viewpoints on the Current Status and Applications in Nutrition Research and Practice. Journal of Nutrigenetics and Nutrigenomics 4: 69-89.
3- Li X (2013). SIRT1 and energy metabolism. Acta Biochim Biophys Sin 45: 51-60.
4- Park S et al. (2013). Do sirtuins promote mammalian longevity? A critical review on its relevance to the longevity effect induced by calorie restriction. Mol Cells 35(6): 474-480.
5- Morris BJ (2013). Seven sirtuins for seven deadly diseases of age. Free Radic Biol Med 56: 133-171.
6- Cohen HY et al. (2004). Calorie restriction promotes mammalian cell survival by inducing the SIRT1 deacetylase. Science 305(5682): 390-392.
7- Haigis MC and Guarente LP (2006). Mammalian sirtuins-emerging roles in physiology, aging and calorie restriction. Genes Dev 20: 2913-2921.
8- Radak Z et al. (2013). Redox-regulating sirtuins in aging, caloric restriction and exercise. Free Radic Biol Med 58: 87-97.
9- Michan S and Sinclair D (2007). Sirtuins in mammals: insights into their biological function. Biochem J 404(1): 1-13.
10- Lee D and Goldberg AL (2013). SIRT1 protein, by blocking the activities of transcription factors FoxO1 and FoxO3, inhibits muscle atrophy and promotes muscle growth. J Biol Chem 288:30515-30526.
11- Rathbone CR et al. (2009). SIRT1 increases skeletal muscle precursor cell proliferation. Eur J Cell Biol 88: 35-44.
12- Bordone L et al. (2006). SIRT1 regulates insulin secretion by repressing UCP2 in pancreatic beta cells. PloS Biol 4(2): 210-220.
13- Lee JH et al. (2009). Overexpression of SIRT1 protects pancreatic beta-cells against cytokine toxicity by suppressing the nuclear Factor-kappa B signaling pathway. Diabetes 58(2): 344-351.
14- Houtkooper RH et al. (2012). Sirtuins as regulators of metabolism and healthspan. Nat Rev Mol Cell Bio 13(4): 225-238.
15- Purushotham A et al. (2009). Hepatocyte-specific deletion of SIRT1 alters fatty acid metabolism and results in hepatic steatosis and inflammation. Cell Metab 9(4):327-338.
16- Sequeira J et al. (2008). SIRT1-null mice develop an autoimmune-like condition. Exp Cell Res 314(16): 3069-3074.
17- Gerhart-Hines Z et al. (2007). Metabolic control of muscle mitochondrial function and fatty acid oxidation through SIRT1/PGC-1 alpha. Embo Journal 26(7): 1913-1923.
18- Picard F et al. (2004). SIRT1 promotes fat mobilization in white adipocytes by repressing PPAR-gamma. Nature 429(6993): 771-776.
19- Satoh A et al. (2010). SIRT1 promotes the central adaptive response to diet restriction through activation of the dorsomedial and lateral nuclei of the hypothalamus. J Neurosci 30(30):10220-10232.
20- Hooper PL et al. (2010). Xenohormesis: health benefits from an eon of plant stress response evolution. Cell Stress Chaperones 15: 761-770.
21- Kennedy DO (2014). Polyphenols and the human brain: plant “secondary metabolite” ecologic roles and endogenous signalling functions drive benefits. Adv Nutr 5: 515-533.
22- Howitz KT and Sinclair DA (2008). Xenohormesis: sensing the chemical cues of other species. Cell 133: 387-391.
23- Soares T (2014). Sirtuínas – Artigo de revisão bibliográfica. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Repositório Aberto da Universidade do Porto.
24- Howitz KT et al. (2003). Small molecule activators of sirtuins extend Saccharomyces cerevisiae lifespan. Nature 425: 191-196.
25- Lagouge M et al. (2006). Resveratrol improves mitochondrial function and protects against metabolic disease by activating SIRT1 and PGC-1 alpha. Cell 127(6):1109-1122.
26- Wong RHX et al. (2011). Acute resveratrol supplementation improves flow-mediated dilatation in overweight/obese individuals with mildly elevated blood pressure. Nutr Metab Cardiovas 21(11):851-856.
27- Cunha AP, Silva AP, Roque OR (2012). Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia, 4a Edição, Fundação Calouste Gulbenkian Serviço de Educação e Bolsas, 230-231, 508-509, 666-667.
28- Eseberri I et al. (2015). Doses of Quercetin in the Range of Serum Concentrations Exert Delipidating Effects in 3T3-L1 Preadipocytes by Acting on Different Stages of Adipogenesis, but Not in Mature Adipocytes. Oxid Med Cell Longev 2015:480943.
29- Goggins A, Matten G (2015). A Dieta Sirt. Editora Lua de Papel – Leya, 50-57.
30- Panahi et al. (2015). Antioxidant and anti-inflammatory effects of curcuminoid-piperine combination in subjects with metabolic syndrome: A randomized controlled trial and an updated meta-analysis. Clin Nutr 34(6): 1101-1108.
31- Scheepens A et al. (2010). Improving the oral bioavailability of beneficial polyphenols through designed synergies. Genes Nutr 5: 75-87.
32- Bruckbauer A et al. (2014). Synergistic effects of polyphenols and methylxantines with Leucine on AMPK/Sirtuin-mediated metabolism in muscle cells and adypocites. PloS One 9: e89166.
33- Bruckbauer A et al. (2011). Effects of dairy consumption on SIRT1 and mitochondrial biogenesis in adipocytes and muscle cells. Nutr Metab (Lond) 8:91